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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Tragédia no morro do Bumba em Niterói.


 O município de Niterói conta hoje cerca de 7 mil desabrigados e mais de cem mortos, sendo 39 só no Morro do Bumba, no bairro Cubango. Os números foram citados pelo prefeito Jorge Roberto Silveira, em entrevista à Rádio CBN, na manhã desta segunda-feira. Criticado por omissão após o desastre e responsabilizado por permitir a permanência da ocupação em Niterói, ele disse não se lembrar que aquela área tinha sido um lixão e comparou o deslizamento a desastres naturais, como tsunamis e terremotos.
- Eu não fujo das minhas responsabilidades, mas ninguém responsabilizou governantes da Ásia pelo tsunami, ou os chilenos pelo terremoto. O que houve foi um desastre natural. A minha responsabilidade agora é trabalhar pelo povo de Niterói. No primeiro dia, a primeira coisa que fiz foi sobrevoar a cidade. Eram tantos lugares, cerca de 130 pontos de deslizamento, que eu não teria tempo de ir em cada um. Começamos a trabalhar imediatamente. Quando fui no Bumba, vi que as pessoas procuram um culpado, mas eu não tenho culpa, não mandei chover aquela quantidade de chuva - disse.
No Bumba, ele disse acreditar que suas visitas atrapalham o resgate de vítimas, pois acabam desviando a atenção dos que trabalham no local. Na sua avaliação, o Brasil viveu na última semana o maior desastre de sua "história geotécnica".
- Qualquer cidade que recebesse esse volume de chuva teria uma tragédia igual ou maior do que Niterói.
A jornalista Lúcia Hipólito, que o entrevistou na Rádio CBN, sugeriu que o governo niteroiense estimulou a ocupação irregular, com a distribuição de tijolos para a população, mas o prefeito questionou essa possibilidade, alegando que o material serviria para a contenção de encostas.
- O lixão começou na década de 70 e foi desativado em 1981. Eu fui candidato em 1988, quando já havia uma pequena comunidade lá. Na época, a cidade estava completamente destruída e aquilo ali nós não identificávamos como um lixão. Não me lembrava que era um lixão. Não houve uma liberalidade. Nós não sabíamos que ali havia aquelas condições do solo - disse.
Questionado sobre as iniciativas da prefeitura no local, como a construção unidades escolares, Jorge Roberto defendeu que as melhorias não atraíram mais pessoas para o Morro do Bumba. Ele negou ainda que estudos da Universidade Federal Fluminense (UFF) teriam apontado problemas no Morro do Bumba.
- Os dois estudos que a gente recebeu há cerca de 5 anos não citam sequer por alto que ali seria uma bomba relógio. Se eu tivesse essa informação, seria o primeiro a remover as pessoas de lá. Nós não sabíamos, a UFF não sabia, o Ministério Público não sabia, os moradores não sabiam... foi uma fatalidade - garantiu.
Segundo Jorge Roberto, a remoção do lixo do Bumba para o Aterro de Itaoca, que acontece há cerca de uma semana, é uma medida emergencial.
- O uso do Aterro de Itaoca é provisório, é uma emergência. Evidentemente que aquele lixo será retirado de lá. Tenho é que agradecer a população de São Gonçalo, que está sendo solidária.
Entre as soluções encontradas pela prefeitura, ele disse que vai remover as pessoas de áreas de risco, demolir casas e não permitir ocupações desordenadas.
- Já há uma posição oficial da prefeitura desde os primeiros minutos. Todas as pessoas que perderam casas estão sendo amparadas em escolas e igrejas. Elas já foram cadastradas e vamos cruzar dados com outros cadastros, como da Ampla e da Águas de Niterói, para o aluguel social - disse.
O prefeito calculou um custo ideal de R$ 1 bilhão para contornar os problemas da cidade:
- É difícil quantificar, pois temos que desapropriar casas, indenizar pessoas, fazer contenções de encostas e reflorestar alguns lugares. Para resolver o problema, construindo 20 mil casas para acabar com moradias de baixa qualidade, o custo seria de R$ 1 bilhão. Evidentemente, é um número fora de cogitação, mas vamos fazer o que for possível, e fazer um trabalho que vá reduzir o risco das pessoas de Niterói.
Sobre os investimentos que Jorge Roberto faz no projeto Caminho Niemeyer, iniciativa que abriga monumentos do arquiteto Oscar Niemeyer e cujas obras foram iniciadas durante sua administração anterior, ele disse se tratar de uma ferramenta para a geração de emprego.
- É uma ferramenta importante para disparar o turismo em Niterói, gerando milhares de empregos. Aquilo ali não é uma obra de arte qualquer - defendeu.

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